Ronaldo, o samba é coisa nossa
A minha geração nunca sobreviveu de samba conta Ronaldo Antônio da Silva, cujo pseudônimo artístico “Ronaldo coisa nossa” vem do extinto bloco homônimo, criado no bairro Caiçara. A maioria é sambista de sangue e trabalha de operário no dia a dia. Fundador de escolas de samba como Bem-Te-Vi e Unidos Guaranis, e hoje integrante da Velha Guarda do Samba de Belo Horizonte, Ronaldo diz que os jovens o têm procurado para bater papo sobre samba. “Eu acho que eles estão entendendo que o negócio é fazer samba de raiz, não este tal de samba soft”, afirma, numa crítica evidente ao denominado pagode, cujo batismo acabou confundindo o encontro de sambistas com gênero musical. Ronaldo Coisa Nossa fez do botequim da família no Caiçara um ponto de encontro da velha e da jovem guarda do samba mineiro nos dias de shows com o grupo Essência, reconhecendo o talento da nova geração do samba. Verdade que, como cantou Noel Rosa, samba não se aprende na escola. Mas também é verdade que a música popular vem sendo cada dia mais utilizada como fonte de referência nas instituições de ensino. Que o diga Dóris que agora enriquece ainda mais o seu repertório interpretando os sambas inéditos de Ronaldo: Quero quem me ame, Nego e Acorda, Brasil.